quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

E a indisciplina continua....

Pois continua!... E não se resolve se não houver vontade séria da parte dos Conselhos Executivos em debelar este flagelo, mau para os alunos colegas de turma, mau para os docentes porque lhes rouba anos de vida e potencia o cansaço, mau para a sociedade em que a escola pretende vir a integrar os educandos. Já no início da década de 90, em Conselho Pedagógico, propuz que se "alinhavasse" uma espécie de "cartilha do professor" com um conjunto de normas que fomentassem procedimentos iguais para desvios comportamentais semelhantes. Evitavam-se, assim, os desacertos educacionais entre responsáveis pela direcção de uma escola e os colegas docentes. Evitavam-se certos extremismos entre o docente - actor nem sempre bem sucedido porque as coisas acontecem de modo imprevisto- e responsáveis executivos e/ou directivos que, em muitos casos, desautorizam o docente que teve o "azar" de agir na hora. Assim protegem o malandro e castigam o cumpridor bem intencionado.
Será possível manter uma aluno na sala de aula contra a sua própria vontade? Como pode uma turma ter aproveitamento se há um ou dois colegas que, constantemente, provocam e desastabilizam? Como pode um professor concentrar-se numa aula com um fio condutor do raciocínio se, constantemente, há um aluno que perturba e lhe corta o fio ao pensamento? Vai passar a ralhar com o referido aluno, com prejuizo para os restantes, ou mandá-lo "dar uma volta" para não prejudicar a aula e o direito a aprender dos restantes? Os encarregados de Educação mais sensatos não se poriam do lado do professor nestes casos? Atrevo-me a repetir o que já disse muitas vezes. Nestes casos de alunos reincidentes, estes seriam enviados para um gabinete onde , diante de um docente, escreveriam as razões pelas quais foi retirado da sala enquanto lhe eram lembradas as normas pelas quais se rege a disciplina de uma Escola. Aí ficaria, nesse tempo, sem voltar à sala para não perturbar mais. Depois seria ouvido o docente, de cuja sala foi mandado retirar, sobre a veracidade do relato do aluno. No mesmo dia seria enviado, pela caderneta, recado para o encarregado de educação. Se houvesse resposta, o problema talvez começasse a ter solução. Caso contrário, far-se-ia a ameaça de desleixo e abandono do aluno por parte dos Pais e consequente comunicação ao tribunal de menores.
Tenho a certeza que este procedimento faria com que muitos, se não todos, tomassem caminho e vissem a escola com outros olhos. Então, seria um encanto ser professor e acabaria aquele receio de entrar numa sala de aula sempre com a perspectiva do que, porventura, "poderá acontecer". Conheço escolas que, seguindo este processo, deram como vencido o problema da indisciplina. E no fim ganham todos e os alunos agradecem. Eles, depois de passar a tormenta e alcançar resultados positivos, sabem dar valor ao rigor da disciplina. Nós, "bonzinhos" e tímidos, é que não temos coragem de tomar atitudes e acabamos numa covardia que em nada nos dignifica e, acima de tudo, constitui um fardo psicológico que só nos provoca retracção no que se refere aos objectivos da nossa vocação de docentes e educadores.
Se não é assim, porque é que andamos tantos anos a queimar as pestanas? Não ganharíamos mais como canalizadores? A. Costa Gomes