domingo, 24 de janeiro de 2010

ALFA E OMEGA


Princípio e fim. Donde venho? O que faço por aqui? Para onde vou?
Acho que todos nós já fizemos estas perguntas. Talvez tenhamos encontrado uma resposta porventura um pouco dura de aceitar. Vou começar por recordar o que minha MÃE me ensinou.
"Foi Deus que nos criou. Criou-nos para O servir e amar, servindo e amando o nosso semelhante. Criou-nos para sermos felizes neste e no outro mundo".
A gente foi crescendo. Lemos, ouvimos e vimos muitas coisas, tantas vezes contraditórias. Teríamos de fazer uma opção: acredito em minha MÃE ou noutras vozes? O que me torna mais feliz já neste mundo: procurar fazer tudo para que a minha consciência ande tranquila, sempre pronta a responder pelos meus actos e palavras ou percorrer os caminhos do sucesso, mesmo à custa do meu semelhante, gozando a vida como se esta terminasse com a morte?
Mas interrogo-me:- Será que há algo para além desta vida? É uma questão razoável. De facto, para mim, esta vida não tem qualquer explicação sem a existência de uma outra melhor, incomparavelmente melhor. Haverá algum ser humano que queira morrer? Mesmo os que se suicidam fazem-no procurando um bem maior ou, então, para "fugir" a um terrível sofrimento.
Só o ser humano é capaz de desejar, de pensar, de procurar um bem maior do que a beleza, o prazer, a loucura, a riqueza que esta vida lhe dá. Tem algo em si próprio que o "projecta" para a eternidade, vida sem fim, imortalidade. Que o digam os arqueólogos nas suas fantásticas descobertas! O modo como sepultavam os seus entes queridos; nas inscrições tumulares; nos monumentos erigidos às divindades....
Nos dias de hoje somos mais felizes no que se refere à documentação, escrita ou de tradição, cultural e religiosa. Muitos foram os "pregoeiros" da eterna "felicidade". Uns mais críveis, outros nem tanto. Temos a capacidade e facilidade de os analisar, estudar, aceitar e rejeitar. Nada melhor que sermos livres. Verdadeiros seres humanos.
Eu já tomei a minha decisão. Irreversível. Mesmo com uma bala apontada à cabeça. Afinal.... esta vida dura "dois dias". Jesus Cristo é o meu MESTRE por duas grandes razões: 1-foi o único que disse e fez: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei; 2-e deu mesmo a vida por cada um de nós.
Não encontro nenhuma outra figura tão grandiosa na história da humanidade que me mereça tanto respeito e confiança como a de Jesus Cristo. Porque devo, então, duvidar? Como disse Pedro: "só Tu tens palavras de vida eterna". A decisão está tomada. Gostaria de ter muitos companheiros, sobretudo os entes mais queridos e tantos, tantos com quem convivi neste diminuto espaço de tempo que é a vida terrena. Mesmo que vá até aos cem anos. Aguardo, tranquilamente, continuando a missão: amar e servir a Deus e ao próximo. Por outras palavras: procurando a felicidade.
Quem quer experimentar? Sem experiência... não se é bom discípulo.

"caim e saramago": A FONTE


Não sei por que artes mágicas, apareceu-em em forma de email o último livro de saramago: caim. Li-o e até lhe achei uma certa piada a rondar a anedota. Não sou crítico literário nem pretendo sê-lo. O homem leu mesmo a Bíblia (esta palavra tem de ser com maiúscula). É muito criativo e demonstra especial predilecção por caim. (No novo acordo ortográfico só os meses do ano é que passam a escrever-se com minúsculas, saramago vai um pouco mais à frente: também os nomes próprios estão na sua lista).
Admiro como ele conseguiu levar caim a presenciar os acontecimentos de dezenas de gerações funcionando como o elo de ligação para concluir que o senhor é mesmo má peça. Já estou a escrever à maneira do nobel da literatura. Mas não lhe chego aos "calcanhares" em termos de pontuação: não usa pontos finais, nem hifen para os diálogos, nem ponto de interrogação para a perguntas, coloca maiúsculas depois de vírgulas. Teria sido por isso que o "tal ministro" lhe sonegou a publicação do seu evangelho?! É bom que saramago leia muito sobre a Bíblia, que reflita fazendo romances, Será a maneira de muitos lerem a conhecerem melhor através dos seus escritos. Acho que a isto chama-se "escrever direito por linhas tortas", não saramago, mas DEUS.
Ora vejam bem se estou enganado. Leiam o p a r á g r a f o q u e s e s e g u e:

A mulher de job, de quem até agora não tínhamos ouvido uma palavra, nem sequer para chorar a morte dos seus dez filhos, achou que já era hora de desabafar e perguntou ao marido, Ainda continuas firme na tua rectidão, eu, se fosse a ti, se estivesse no teu lugar, amaldiçoaria a deus ainda que daí me viesse a morte, ao que job respondeu, Estás a falar como uma ignorante, se recebemos o bem da mão de deus, por que não receberíamos também o mal, esta foi a pergunta, mas a mulher respondeu irada, Para o mal estava aí satã, que o senhor nos apareça agora como seu concorrente é coisa que nunca me passaria pela cabeça, Não pode ter sido deus quem me pôs neste estado, mas satã, Com a concordância do senhor, disse ela, e acrescentou, Sempre ouvi dizer aos antigos que as manhas do diabo não prevalecem contra a vontade de deus, mas agora duvido de que as coisas sejam assim tão simples, o mais certo é que satã não seja mais que um instrumento do senhor, o encarregado de levar a cabo os trabalhos sujos que deus não pode assinar com seu nome.
COMO É POSSÍVEL, EM PORTUGAL, TRATAR TÃO MAL A LÍNGUA DE CAMÕES E DE TODOS NÓS? Como é possível propor esta "amargura" para NOBEL da literatura? Brincadeira de mau gosto!!!!!!!

Caim, o predilecto de saramago, foi testemunha de muitas maldades que o "senhor" fez aos humanos. Estes nunca são apresentados como "mauzinhos" mas como vítimas do "tirano" e caim é testemunha fidedigna. Nem ele, caim, carrasco de abel, imaginou que alguém, talvez o primeiro da história, lhe iria atribuir tanta importância. Acho que saramago lhe devia dar um pouco mais de "vida" a fim de, também ele, ter o prazer de ler e apreciar a sua própria história bem como a capacidade criadora de saramago.
Vejamos mais um "paragrafozinho" do romance:

Foi isto o que eu vi, rematou caim, e muito mais para que não me chegam as palavras, Crês realmente que o que acabas de contar acontecerá no futuro, perguntou lilith, Ao contrário do que costuma dizer-se, o futuro já está escrito, o que nós não sabemos é ler-lhe a página, disse caim enquanto perguntava a si mesmo aonde teria ido buscar a revolucionária ideia, E que pensas do facto de teres sido escolhido para viveres essa experiência, Não sei se fui escolhido, mas algo sei, sim, algo devo ter aprendido, Quê, Que o nosso deus, o criador do céu e da terra, está rematadamente louco, Como te atreves a dizer que o senhor deus está louco, Porque só um louco sem consciência dos seus actos admitiria ser o culpado directo da morte de centenas de milhares de pessoas e comportar-se depois como se nada tivesse sucedido, salvo, afinal, que não se trate de loucura, a involuntária, a autêntica, mas de pura e simples maldade, Deus nunca poderia ser mau ou não seria deus, para mau temos o diabo, O que não pode ser bom é um deus que dá ordem a um pai para que mate e queime na fogueira o seu próprio filho só para provar a sua fé, isso nem o mais maligno dos demónios o mandaria fazer, Não te reconheço, não és o mesmo homem que dormiu antes nesta cama, disse lilith, Nem tu serias a mesma mulher se tivesses visto aquilo que eu vi, as crianças de sodoma carbonizadas pelo fogo do céu, Que sodoma era essa, perguntou lilith, A cidade onde os homens preferiam os homens às mulheres, E morreu toda a gente por causa disso, Toda, não escapou uma alma, não houve sobreviventes, Até as mulheres que esses homens desprezavam, tornou lilith a perguntar, Sim, Como sempre, às mulheres, de um lado lhes chove, do outro lhes faz vento, Seja como for, os inocentes já vêm acostumados a pagar pelos pecadores, Que estranha ideia do justo parece ter o senhor, A ideia de quem nunca deve ter tido a menor noção do que possa vir a ser uma justiça humana, E tu, tem-na, perguntou lilith, Sou apenas caim, aquele que matou o irmão e por esse crime foi julgado, Com bastante benignidade, diga-se de passagem, observou lilith, Tens razão, seria o último a negá-lo, mas a responsabilidade principal teve-a deus, esse a que chamamos senhor, Não estarias aqui se não tivesses matado Abel, pensemos egoistamente que uma coisa deu para a outra, Vivi o que tinha de viver, matar o meu irmão e dormir contigo na mesma cama são tudo efeitos da mesma causa, Qual, Estarmos nas mãos de deus, ou do destino, que é o seu outro nome, E agora, que tencionas fazer, perguntou lilith, Depende, Depende de quê, Se alguma vez chego a ser dono da minha própria pessoa, se se acabar este passar de um tempo a outro sem que a minha vontade tenha sido para aí chamada, farei aquilo a que costuma chamar-se uma vida normal, como os demais, Não como toda a gente, casarás comigo, já temos o nosso filho, esta é a nossa cidade, e eu ser-te-ei fiel como a casca da árvore ao tronco a que pertence, Mas, se não for assim, se o meu fado continua, então, em qualquer lugar em que me encontre estarei sujeito a mudar de um tempo para outro, nunca estaremos certos, nem tu nem eu, do dia de amanhã, além disso, Além disso, quê, perguntou lilith, Sinto que o que me acontece deve ter um significado, um sentido qualquer, sinto que não devo parar a meio do caminho sem descobrir do que se trata, Isso significa que não ficarás, que partirás um dia destes, disse lilith, Sim, creio que assim será, se nasci para viver algo diferente, tenho de saber quê e para quê, Desfrutemos então o tempo que nos resta, vem para mim, disse lilith.

Que tal? Mais de duas dúzias de linhas sem um parágrafo... A "coisa" até se entende embora, por vezes, seja necessário voltar atrás. Quase de certeza que este linguajar se deve ao contacto assíduo com os de Lanzarote. Acabou por esquecer a língua materna e não aprendeu bem a do padrasto.
Gostava mais de apreciar "saramago" como "Saramago". Aprecio a sua arte de ler e interpretar a Bíblia. É um estilo muito próprio mas consegue incutir nos outros a curiosidade pela VERDADE. Aí, na VERDADE, todos, incluindo Saramago, têm a hipótese de encontrar o princípio e o fim, o alfa e o omega: o SENHOR.