quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

MOITA FLORES DÁ A SUA OPINIÃO


07 Dezembro 2008 - 02h30
Impressão Digital
O desnorte
O braço-de-ferro entre o Ministério da Educação e os professores já teve melhores dias. A greve desta semana deu cabo do equilíbrio de forças e já não se percebe bem se estamos no plano da discussão sindical, se em situação pré-insurreccional, se apenas a assistir a uma birra sem jeito.

O alastramento do descontentamento entre os professores tem toda a razão de ser. O processo negocial, e de discussão pública, tem-se pautado por uma soberba sem limites, humilhando mesmo quem procura discutir, e resolver, um problema que cada vez é mais sério. As várias intervenções sobre o modelo de avaliação que têm sido produzidas pela ministra são contraditórias, não são perceptíveis para o cidadão comum – que nem é professor nem aplaude cegamente as propostas do Governo –, não se compreendem e, finalmente, não têm sustentação razoável.
Por outro lado, enquanto a ministra faz um discurso o secretário de Estado produz o sermão inverso e está aquele Ministério de tal forma baralhado que a única coisa em que acertou nos últimos dias foi no reconhecimento de que sofrera, por parte dos professores, a maior greve de que há memória entre aquela classe.
Parece que no essencial estão de acordo as duas partes: os professores devem ser avaliados. Discutem os métodos. Estão em guerra por causa da forma e não por causa do conteúdo. E sendo certo que até o primeiro-ministro já reconheceu que a proposta que continua teimosamente a ser imposta é burocrática e ineficaz, não faz sentido que em vez de escutar o protesto e perceber a razoabilidade das coisas se venha dizer que o modelo até pode ser mau mas não se mexe em tal coisa até ao fim do ano lectivo. Se é mau, então que se lhe ponha termo o mais depressa possível. Isto não é sério. Nem é sério confundir o protesto de tantos milhares com o estafado argumento de que os professores que andam nisto querem boa vida.
Numa sociedade que se quer desenvolvida, os professores são o instrumento mais poderoso de transformação. A classe que mais de perto determina a capacidade, a formação e o desenvolvimento das nossas crianças. Deve, pela sua importância social, ser tratada com o respeito que a sua função merece e aquilo que temos vindo a assistir é a um processo de humilhação que não é razoável num Estado democrático. Não admira a situação de pré-insurreição que se vive. Alguma humildade democrática faria bem a esta maioria absoluta. No caso dos professores, definitivamente o Ministério perdeu a razão.
Francisco Moita Flores, Professor universitário

domingo, 18 de janeiro de 2009

EIS A ESTUPIDEZ DOS LEGISLADORES....


NOTA: Esta carta é uma, entre as inúmeras que me chegam à caixa de correio, que reflectem a falta de sensibilidade dos nossos governantes perante os governados, no caso, de uma Ministério que deveria ser da Educação, mas que de educação nada tem. Arrogãncia, prepotência, incompetência, injustiça, insensibilidade, estupidez.-... são adjectivos brandos para classificar a ministra Maria de Lurdes Rodrigues promovida a esta alta função à maneira do sr. engenheiro feito à pressa e à margem de qualquer racionalidade. ESTA CARTA, DE UMA COLEGA DE BARCELOS, DEVIA CHEGAR AO CONHECIMENTO DAS ALTAS INSTÂNCIAS DA COMUNIDADE EUROPEIA.
Com a devida vénia, tomo a liberdade de a publicar para que, enquanto tiver hipótese de vir a este lugar, a encontrar com facilidade.

Dezembro 9, 2008 Resposta à DREN

Posted by Paulo Guinote under
Coisas Boas, Contraditório, Testemunhos


Ex.mos Srs.
Sou professora há vinte e oito anos. Durante todos estes anos não tive o prazer de receber uma única carta (a Internet é uma invenção recente) nem um e-mail dos vossos serviços, excepto quando fui convidada pelo então ministro David Justino para participar nos Encontros de Caparide, sobre os novos programas de Português. Este convite deveu-se ao facto da minha escola ter estado durante cinco anos consecutivos nos cinco primeiros lugares dos Rankings dos Exames Nacionais do Ensino Secundário e de eu ser uma das professoras responsáveis pelos resultados. De repente, recebo duas comunicações endereçadas por noreply a convidar-me a colocar os meus objectivos on-line (provavelmente para me poupar trabalho e para evitar ter que os discutir com a minha avaliadora, conforme a lei obriga) e ainda três esclarecimentos enviados pelos vossos serviços. Assim gostaria de esclarecer que:
1º Não sou loura nem burra;
2º Sei ler e interpretar a legislação, que mal seria se o não fizesse sendo professora de Português, mas, admitindo que o não fosse, tenho amigos e familiares advogados e juízes sempre prontos a esclarecer-me;
3º Desde o concurso para professores titulares, considero que os vossos serviços não merecem a honra de me contactarem nem de receberem uma resposta minha;
4º Durante vinte e oito anos de serviço dediquei a minha vida à escola, e expensas da minha própria família (prescindi mesmo da licença de amamentação do meu filho para orientar estágio, a pedido do Conselho Directivo, por não haver ninguém disponível e para não perdermos o núcleo de estágio);
5º Na escola onde lecciono, a Secundária de Barcelos, dos professores no 9º escalão, só eu e uma colega do mesmo Departamento ocupámos um tão grande número de cargos. Estive durante três mandatos no Conselho Executivo, fui Directora de Turma, orientei o estágio da Universidade Católica de Braga, orientei estágio na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Docente de Apoio Pedagógico), fui Coordenadora dos Directores de Turma, fui Coordenadora de Departamento e de Secção. Dos cargos existentes na escola só não fui Directora da Biblioteca nem doutras instalações, nem pertenci à Assembleia de Escola;


6º Quase todos estes cargos foram exercidos antes de 2000, ficando, por isso, fora dos sete anos escolhidos para a candidatura a Professor Titular (Portugal deve ser o único país em que Curriculum Vitae não significa toda a vida mas apenas sete anos. A propósito, fui confirmar e no meu processo há registo de todos os meus cargos, de todas as minhas faltas, horários de todos os meus anos lectivos ao contrário do que a Sra. Ministra afirmou quando justificou que o concurso só dizia respeito aos últimos sete anos por falta de registos anteriores;
7º Quase me esqueci de mencionar (pois para o Ministério parece ser o menos importante) que fui professora, tenho anos lectivos sem uma única falta, os meus alunos continuam a ser excelentes nos Exames Nacionais, fiz, para me actualizar todas as acções do Projecto Falar sendo, por isso, Professora Acompanhante dos novos programas de Português;
8º Consegui no concurso para Professora Titular 124 pontos mas não tive vaga, pelo que não passo duma mera professora, que nas palavras da Sra. Ministra não pertence ao leque dos professores excelentes que os pais devem ambicionar para os seus filhos. Na minha escola, num outro Departamento, uma colega é Titular com oitenta e poucos pontos, o mesmo acontecendo noutras escolas;
9º Como aparte devo referir que muitos dos meus antigos alunos desejam que eu seja a professora dos filhos, sabe-se lá porquê!
10º Neste momento, de acordo com a lista graduada da minha escola, descobri que estou no limbo (apesar do papa o ter extinguido) pois apenas tenho o meu índice remuneratório, não pertencendo a nenhum escalão;
Assim, e em jeito de conclusão, agradecia que parassem de me enviar e-mails. Para o caso de não lerem este, vou assinalar no meu o vosso endereço como spam evitando assim enervar-me sempre que vejo o vosso contacto.
Sem mais
Ana Maria Bonifácio