quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Avaliaçao dos Professores

"Pois, a professora Isabel vê-se mesmo que está reformada, pois se estivesse no activo, em início de carreira, com um filho de 10 meses, casa para pagar... não pensaria desta forma. Se estão a formar maus professores, têm de agir antes e não depois de um curso tirado. Imagine que, após 4 anos de serviço docente no ensino público, lhe dissessem que precisaria de fazer um exame para o ingresso na carreira docente. Gostava, de um momento para o outro, de sentir o chão a fugir-lhe dos pés? As pessoas têm de aprender a colocar-se no lugar dos outros."
Este comentário colocado no "sítio" EDUCARE.PT, com certeza por uma docente ainda muito nova, exprime completamente a desolação de "ser professor agora". O que os actuais governantes exigem é injusto e desumano. É mexer com os sentimentos mais básicos da pessoa que optou por "ser professor". Na verdade este género de provas estão completamente deslocadas no tempo: estuda-se quatro ou cinco anos com a finalidade de se tornar um docente e, só depois de iniciar a profissão para a qual se preparou é que se é avaliado no sentido de verificar se tem ou não aptidões para o exercício. Se isto não é trágico... gostaria que me explicassem o que é uma tragédia....
Porque não fazem, à semelhança do curso de enfermagem, logo nos primeiros anos do curso superior, testes para verificação de aptidões? Seria uma maneira mais honesta de aconselhar o "candidato a docente" a mudar de "combóio" atempadamente. Agora, como diz a Isabel, fazer as provas depois de o "combóio" iniciar a marcha.... e- que o diabo seja surdo - ter o azar de mudar o sentido de marcha....! São brincalhões os nossos mandantes. Tratam-nos como peças de uma máquina tal como noutras latitudes ainda acontece com alguns regimes políticos. É que, na antiga senhora, os professores eram tratados com mais respeito. Eu venho de lá e não tive queixa nenhuma. Mais: com o Sr. Marcelo Caetano estavam a abrir-se perspectivas de melhores dias; as mesmas que surgiam em Espanha que, graças à transição pacífica, estão hoje muito melhor do que nós, terra de capitães de Abril, rapazes eufóricos mas imaturos para governar a sua própria casa, quanto mais uma nação....
Senhores governantes, pensam que vão melhorar a situação sócio-económica do País investindo contra a Escola, contra os agentes da segurança, contra os funcionários públicos, contra.... Enganam-se. Ninguém produz debaixo do medo do chicote, sobretudo o psicológico e emocional. Havia muita "balda". É verdade. Mas foram os de cima, os mandantes que fomentaram a mesma "balda", o facilitismo, a "arte de bem se governar em pouco tempo". Eles aí estão, bem governados com reformas de bradar aos céus e, em muitos casos, ainda no activo com outros vencimentos de fazer inveja aos novos licenciados sem hipótese de emprego, estatal ou particular. E continuam a ter aumentos como os restantes embora "só de 2,1%". É que, em muitos milhares de euros dá algumas dezenas ou centenas, enquanto para a maioria dá alguns cêntimos. E que tal? Vale a pena ganhar muito ou não? Foi com este disparate de aumentos iguais para todos, ao longo de muitos anos, que se cavou um fosso intransponível na sociedade portuguesa, fosso que jamais será corrigido.
Recordo o exemplo de um industrial de massas italiano. Um dia resolveu fazer a experiência de viver, durante um mês, com o vencimento mensal de um dos seus empregados: mil euros para si e outros mil para sua mulher. Por volta do dia vinte, após toda a contenção possível, verificou que já não tinha mais dinheiro para o resto do mês. Pensou: como é que os meus funcionários hão-de andar satisfeitos e produzir se têm de fazer uma enorme ginástica para que o vencimento chegue para todo o mês? E tomou uma decisão: subir 200 euros a todos os funcionários.
NÃO QUEREM EXPERIMENTAR?!.... Janeiro/23/08