segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O PAI VEIO VIVER CONNOSCO, NA MESMA ALDEIA



É verdade: por amor de nós quis habitar no nosso meio, na nossa aldeia, junto de cada um, sempre pronto a ajudar e a animar os mais débeis física e mentalmente. Escolheu, como preferidos, os mais pobres: pobres em haveres, pobres de saúde física e psíquica, pobres de inteligência e de esperteza, os mais rejeitados pelos outros. Para o Pai não há diferenças entre as pessoas: todos os moradores da aldeia merecem a sua simpatia e carinho. Mesmo aqueles que, por distracção ou indiferença, não o saudam nem reconhecem. Ele espera uma oportunidade. Ele dá sempre novas oportunidades. Sabe que os humanos são fracos, medrosos, cheios de dificuldades a tal ponto de nem se entenderem uns com os outros. Ele sabe, por isso mesmo, que é preciso esperar. Esperar até ao último momento.
Mas o Pai não se limita ao território de uma aldeia. Ele vai de aldeia em aldeia, de freguesia em freguesia, sempre sem fronteiras, percorre um país e até todo o mundo. Melhor: ele está em toda a parte. Não se cansa de esperar, de chamar a toda a hora mesmo aqueles que fazem “ouvidos de mercador”. Ele, com uma paciência infinita, quer que todos sejam felizes e mostra o caminho para o serem. Muitas vezes até dá uns “empurrões” a que os homens chamam de “fraca sorte”: um acidente que obriga a parar e a pensar; uma doença que nos coloca às portas da morte, mas escapamos; um azar qualquer que nos leva a “barafustar” contra a vida. Mas ele permite que nos aconteçam essas pequenas desgraças para nos fazer pensar. É que os homens andam a maior parte do tempo com a cabeça baixa e não dão pelas necessidades do vizinho que, muitas vezes, até vive mesmo junto de suas casas. O Pai não aceita, de modo nenhum, que sejamos egoistas, auto-suficientes, orgulhosos como se não existisse mais nada além de nós próprios. São estas atitudes que ele mais rejeita. A amizade, a dedicação, o altruismo, a doação gratuita ao outro… são estes os seus predicados. É isto que ele sussurra a todo o momento a cada um dos habitantes desta enorme aldeia onde ele gosta de habitar. Nada de invejas, de ódios, de vinganças, de lutas fratricidas, de ofensas à integridade física e moral, de calúnias. Isto não faz parte do seu dicionário. Um dia, quando as casas desta aldeia estiverem muito velhas e sem condições, o Pai leva-nos para uma terra melhor, terra de sonho onde nada nos faltará. Não teremos fome, nem frio, nem calor, nem angústia, nem…. Será aquilo que o nosso coração desejar. É que o nosso coração foi feito para o Pai e só quando estiver com ele é que estará completamente descansado. Neste compasso de espera temos de ser bons filhos, dignos de um Pai tão amigo e tão importante. Não somos filhos de um pai qualquer. Mas do Pai que é pai de todos. E isso faz a diferença.

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