quinta-feira, 25 de outubro de 2007

AGRADECIMENTO

26 de Outubro de 2007

NA APOSENTAÇÃO- AGRADECIMENTO

Para além do agradecimento desta homenagem, tão simpática, que nos estão a fazer, gostava de falar um pouco do meu percurso na EFS, mais do que tentei fazer do que daquilo que fiz .Levaria muito tempo.
Direi, somente, que não fiz mais do que cumprir os meus deveres de docente e de dinamizador da boa convivência na comunidade escolar.
O que tentei fazer posso dizer que ficou na gaveta. Foi a parte em que falhei como profissional da educação, não do ensino.
1) Não consegui promover a uniformização de critérios de actuação dos docentes, perante os problemas, sobretudo disciplinares, que os alunos nos apresentam. Comecei a falar no assunto, em Conselho Pedagógico, há mais de 20 anos.
2) Não consegui compreender a finalidade de tanta legislação, própria de quem não sabe de onde vem nem para onde vai, mas com febre de inovação a qualquer preço, desde o “retido ao transitou”, do “aprovado, não aprovado, reprovado”, dos “PDAs” que ora eram obrigatórios mas logo já não eram, até às alterações anuais das regras do jogo no que se refere a provas e exames no final dos ciclos.
3) Não consegui compreender (e isto foi o pior que podia ter acontecido à EFS) que os mandantes não tivessem, e continuem a não ter, uma ideia do que deve ser um edifício escolar, coisa que os finalistas da escola Primária já sabem definir, e nos tenham imposto pavilhões industriais para dar aulas e educar uma comunidade de 1500 alunos.

Estas mágoas acompanharam-me sempre, impotente, como todos os outros colegas, para melhorar as situações que nos impuseram.
Considero muito difícil ser bom executivo, bom docente e bom auxiliar educativo numa escola com as características da FS. Vocês continuarão a ser uns heróis se conseguirem cumprir as vossas tarefas.

Saio, porém, com a consciência de que fiz tudo no sentido de cumprir as minhas obrigações como docente e de ter ido um pouco mais além.

Agora, apesar de continuar com muitas actividades e com permanentes solicitações, já não sinto a asfixia e a pressão psicológica da entrada numa sala de aulas em que, por azar, poderia ser surpreendido por alguma cabecinha intempestiva ou mal torneada.
Como aposentado, embora livre dessa pressão, não posso deixar de contar com outros problemas, outras dificuldades próprias da degradação física e, porventura, psíquica. Convém, por isso, conservar estas amizades cimentadas ao longo de muitos anos. Para tal, pretendo recorrer àquilo em que os políticos mais apostam e parecem acreditar que vai ser o motor para toda a economia e felicidade do homem: as novas tecnologias. Na verdade não são assim tão novas. Na EFS já andamos atrás dos “bits” e dos “bites” há 22 anos.
Eis a minha proposta: termos conhecimento do endereço electrónico de cada colega, aposentado ou não, e promover, através de um “blog”, o diálogo, a permuta de ideias, a critica construtiva sobre qualquer assunto, a análise de problemas sócio-económicos, o estado de saúde e bem-estar dos colegas, e, porventura, projectar eventos, etc. Seria uma maneira de continuar a sentirmo-nos família e de partilhar alegrias e tristezas. Vamos nessa?

Aqui deixo o repto.
Muito obrigado pela vossa amizade e por esta homenagem.

A. Costa Gomes

1 comentário:

José Hermínio da Costa Machado disse...

Excelente reflexão pessoal que me parece autêntica e sem subterfúgios. De facto, desde a falta de consideração que o nosso Sistema Educativo demonstrou sempre pela Educação Musical, até às instalações físicas da EFS, tu levantaste sempre a voz e as melhoras que se foram vendo, quer nos equipamentos, quer nos projectos, quer na didáctica, a ti se deveram também. Se mais não fizeste foi porque não pudeste mesmo fazer, os obstáculos existiram, e não são ainda hoje fáceis de ultrapassar.